A aprovação do acordo de classe
envolvendo a Clearview AI, empresa norteamericana considerada uma das
principais na área do reconhecimento facial, marca um evento significativo no
campo da privacidade digital e da regulamentação sobre o uso de dados
biométricos. Em 21 de março de 2025, a juíza Sharon Johnson Coleman, do
Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte de Illinois,
validou um acordo considerado "inovador", que resolve uma ação
coletiva movida por consumidores que alegaram que a empresa usou indevidamente
suas imagens faciais sem consentimento, em violação à Lei de Privacidade de
Informações Biométricas de Illinois. O acordo concede aos membros da ação
coletiva uma participação acionária de 23% na empresa, uma medida que pode
gerar um fundo de US$ 51,75 milhões, com base em uma avaliação de US$ 225
milhões da Clearview em janeiro de 2024. Esse valor pode flutuar dependendo do
desempenho da empresa.
A Clearview, acusada de coletar bilhões
de imagens faciais da internet para alimentar seu banco de dados de
reconhecimento facial, foi alvo de críticas por sua prática sem o devido
consentimento dos indivíduos. A decisão da juíza foi vista como uma solução
alternativa à compensação financeira imediata, que poderia ser inviável diante
da situação financeira da empresa e da complexidade do caso. Em vez disso, os
consumidores afetados pelo uso não autorizado de suas imagens terão a
oportunidade de se beneficiar do crescimento futuro da empresa, em uma
tentativa de oferecer uma compensação à medida que a Clearview se desenvolve.
Esse tipo de acordo, em que os consumidores se tornam acionistas, é uma
abordagem rara em litígios sobre privacidade, refletindo a inovação jurídica
necessária para lidar com a rápida evolução das tecnologias emergentes.
O julgamento também foi marcado
por controvérsias, com 22 estados dos EUA e o Distrito de Columbia contestando
o valor da compensação e a falta de uma injunção que impedisse a Clearview de
continuar suas práticas. No entanto, a juíza Coleman considerou que o acordo
era justo e razoável, em parte devido ao entendimento de que a Clearview já
havia firmado um acordo com a American Civil Liberties Union (ACLU) em 2022,
que limitava a empresa a fornecer seus serviços apenas a agências
governamentais e impunha uma proibição de negócios no estado de Illinois por
cinco anos. Esse acordo prévio foi considerado suficiente para regular a
conduta da empresa e reduzir o risco de futuras violações.
O caso representa um marco
importante nas questões jurídicas e regulatórias envolvendo a privacidade
digital. Ele levanta diversas implicações sobre a responsabilidade das empresas
no uso de dados biométricos, um tema cada vez mais relevante à medida que as
tecnologias de reconhecimento facial se expandem. O acordo também sublinha a
crescente importância das leis de privacidade, e destaca as tensões entre os
direitos dos consumidores e os interesses das empresas de tecnologia. A decisão
também refletiu a complexidade das negociações legais e o impacto potencial de
tecnologias emergentes em práticas de conformidade regulatória.
Além disso, o caso de Clearview
pode sinalizar uma tendência à adoção de novas abordagens em litígios
semelhantes, especialmente em um cenário de crescente preocupação com a
proteção de dados pessoais e a responsabilidade das empresas no manuseio dessas
informações sensíveis.
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Fontes: Clearview Al Gets | US judge approves novel | Clearview Al fined Yet Again
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