O Departamento de Justiça dos EUA
(DOJ) recentemente moveu um processo civil contra a RealPage, empresa
desenvolvedora de software de gerenciamento de receita para proprietários de
imóveis, acusando-a de utilizar algoritmos para manipular e fixar preços de
aluguéis de apartamentos. A denúncia alega que o software da RealPage facilita
a coordenação entre os proprietários, permitindo que eles ajustem os preços de
forma sincronizada, o que limita a concorrência e inflaciona os valores de
aluguel. Essa prática, segundo o DOJ, constitui uma violação das leis
antitruste, que buscam garantir um mercado competitivo e justo.
A questão central gira em torno
do uso de algoritmos sofisticados, alimentados por dados confidenciais
fornecidos pelos próprios proprietários de imóveis. Esses algoritmos, ao
sugerir ou até mesmo definir preços de aluguel, criam um ambiente onde a concorrência
é artificialmente suprimida. O DOJ argumenta que a RealPage utilizou essas
tecnologias de maneira a criar um "loop de feedback” que se auto reforça,
onde o próprio sistema de precificação da empresa define preços cada vez mais
altos, beneficiando exclusivamente os proprietários em detrimento dos
inquilinos.
Além das questões econômicas, o
caso levanta preocupações significativas sobre a transparência e a ética no uso
de algoritmos em decisões comerciais. Os algoritmos da RealPage, conforme
alegado, foram programados para maximizar os aumentos de preços e minimizar
reduções, afetando diretamente milhões de locatários nos EUA. Essa abordagem
coloca em questão a governança e a regulação de tecnologias emergentes,
destacando a necessidade de um escrutínio mais rigoroso por parte das
autoridades para evitar abusos e garantir que tais ferramentas sejam usadas de
maneira justa.
Do ponto de vista jurídico, o
processo do DOJ contra a RealPage é inédito. A ação se propõe a combater o
conluio algorítmico, sugerindo que o DOJ está preparado para aplicar leis
antitruste de maneira mais abrangente, incluindo o uso de tecnologia para manipular
mercados. Este caso pode servir como precedente para futuras ações contra
empresas que utilizam algoritmos para práticas anticompetitivas.
A RealPage, por sua vez, nega as
alegações, defendendo que seu software é compatível com a legislação vigente e
benéfico tanto para proprietários quanto para inquilinos. No entanto, o
desfecho deste caso poderá ter implicações profundas para o uso de inteligência
artificial e algoritmos no mercado imobiliário, bem como em outras indústrias,
destacando a crescente tensão entre inovação tecnológica e regulamentação
jurídica.
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seus impactos jurídicos.
Fontes: Wired
| Justice |International Business Times UK
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