A recente aprovação da reforma
tributária pela Câmara dos Deputados tem causado apreensão entre os
representantes do setor da construção civil e do mercado imobiliário. Especialistas
alertam que a nova regulamentação pode elevar os impostos sobre imóveis,
resultando em um aumento dos custos de habitação em todo o Brasil. Segundo
estudos independentes realizados pelo Secovi-SP, a carga tributária sobre
moradia deverá crescer em todas as categorias, abrangendo casas, apartamentos,
aluguéis e terrenos, independentemente da faixa de renda dos proprietários.
A proposta de regulamentação
prevê uma alíquota diferenciada para o setor imobiliário, com um desconto de
40% na alíquota geral do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição
sobre Bens e Serviços (CBS) para transações imobiliárias, e um desconto de 60%
para operações de aluguel. No entanto, a Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) aponta que esse redutor de 40% não é suficiente para manter a
neutralidade na carga tributária, prevendo um impacto negativo nos preços dos
imóveis e nos custos de construção. Segundo a CBIC, o aumento dos tributos será
repassado aos compradores, especialmente àqueles que buscam adquirir a casa
própria.
De acordo com estimativas da
CBIC, se o texto aprovado pela Câmara for mantido, a tributação sobre imóveis
do Programa Minha Casa, Minha Vida (avaliados em R$ 240 mil) aumentará em
15,4%. Para imóveis de R$ 500 mil, a carga tributária subirá 30,7%, e para
imóveis de R$ 2 milhões, o aumento será de 51,7%. Para atenuar esses aumentos,
entidades do setor sugerem uma redução de 60% na alíquota do futuro Imposto
sobre Valor Agregado (IVA) para operações com bens imóveis e de 80% para
locações. Essas medidas, segundo as entidades, manteriam a carga tributária
atual, evitando aumentos significativos nos custos e preservando a
competitividade do mercado imobiliário.
Em resposta às preocupações, o
Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, afirmou que não haverá um
aumento significativo dos custos em comparação à situação atual. O ministério
garante que a reforma tributária será justa e benéfica para o setor
imobiliário, tributando menos os imóveis populares em relação aos imóveis de
alto padrão. Segundo o ministério, as vendas de imóveis novos por
incorporadoras serão tributadas apenas sobre a diferença entre o custo de venda
e o valor do terreno, com um redutor social de R$ 100 mil sobre o valor
tributado, e uma alíquota de 60% da alíquota padrão, equivalente a cerca de
15,9%. Além disso, o imposto pago na aquisição de materiais de construção e
serviços pelas incorporadoras será deduzido.
A reforma tributária permanece um
tema de intenso debate, com potencial para impactar significativamente o
mercado imobiliário e a economia do país. As discussões prosseguem, buscando um
equilíbrio entre a arrecadação de tributos e a manutenção da competitividade do
setor, visando atender tanto às necessidades do governo quanto aos interesses
dos consumidores e das empresas envolvidas no mercado imobiliário.
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