São Paulo – Neste segundo turno, enfrentam-se dois candidatos com visões opostas em diversos temas – incluindo a forma correta de impulsionar o empreendedorismo. Fernando Haddad, candidato à Presidência da República pelo PT, defende que a melhor forma de impulsionar as micro e pequenas empresas é pela intervenção do Estado. Já Jair Bolsonaro, do PSL, acredita que a privatização e a flexibilização são formas melhores de impulsionar a atividade empresarial. Independentemente da posição econômica, a conclusão dos especialistas consultados por EXAME não é animadora: o incentivo aos negócios não é prioridade para nenhum candidato.
Haddad pretende reativar a economia com políticas públicas para investir em setores-chaves, para diminuir o custo do crédito e para que empreendedores tenham financiamentos e treinamentos. Por outro lado, Bolsonaro pretende firmar uma economia de livre iniciativa que fomente a competitividade pela privatização, com o apoio ao empreendedorismo vindo de entidades privadas, da flexibilização de custos trabalhistas e da atração de produtos e talentos do exterior. Os candidatos convergem em poucos pontos, como a importância da simplificação tributária e das universidades para o empreendedorismo.
As convergências são elogiados por Eduardo Felipe Matias, responsável pela área empresarial do escritório Nogueira, Elias, Laskowski e Matias Advogados (NELM), que abrange a área de inovação e startups. “Para aproveitar ao máximo esses efeitos positivos do empreendedorismo, é preciso um esforço igualmente significativo em melhorar a educação”, afirma. “Um bom governo deveria estar preocupado em formar cidadãos que tenham espírito empreendedor e que sejam capazes de inovar. Os novos tipos de trabalho que uma onda de empreendedorismo poderia criar exigirão habilidades e competências diferentes daquelas que o sistema de ensino promove hoje.”
Diante da falta de espaço do empreendedorismo nos planos de governo, porém, nenhum resultado do segundo turno seria o ideal para os empreendedores brasileiros. “As políticas previstas ao empreendedorismo não parecem prioritárias dentro de suas agendas. Os planos são mais focados em resultados mais imediatos e urgentes para a população, como segurança pública, saúde, educação e emprego”, analisa Pedro Ramos, conselheiro da Associação Brasileira de Startups e coautor do livro “Ambiente Regulatório: Manual de Boas Práticas em Políticas Públicas de Apoio a Startups”.
“Em teoria, os dois planos de governo demonstram sintonia com as necessidades empreendedoras, mas não detalham como chegar lá. A efetivação das promessas de campanha depende bastante das reais convicções de cada candidato – algo difícil de medir, porque ambos dão mais ênfase a outras bandeiras em seus discursos”, concorda Matias. “Resta esperar para ver se algum dos dois de fato priorizará a inovação como política pública – mesmo em uma circunstância que é de restrições orçamentárias, como sabemos.”
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